7.3.18

Padre Zé - 97 anhos - "L Carrelhon" "O Carrilhão"


Longe no tempo e no espaço
Ouço a voz dum carrilhão soando a compasso
Crebro, indefinido.
Paro no tempo e procuro decifrar
Que voz de longe me vem e faz parar?
Donde chega este soído?
Trezentos anos, dia a dia, já passaram.
Neste tempo, dois carrilhões reboaram,
Espaçadamente,
Por quebradas, aldeias, vilas e montes
Como águas limpas borbulhando das fontes,
De nascente a poente.
Escuto atentamente no sossego da tarde
Quando, ao pôr do sol, o horizonte arde
Em sanguíneo arrebol.
Que aragem traz este som que aturde e passa?
– Escuta, não ouves o carrilhão de Mafra 
Num adeus ao Rei Sol?
Há todos os dias o toque das trindades
Em horas calmas de meditação e saudades
Na orla em que escurece.
Era em mil setecentos e dezassete,
Das trindades nos vinha um lembrete
De Múrmura prece.
Silêncio! Orai nestes limbos de penumbra,
De muito longe, um eco, em surdina, retumba
E nos faz concentrar!
Não, não fala em vão a alta voz dum carrilhão
Que dos ouvidos nos desce ao coração:
Ela convida a rezar.
Que nos revelam os altos bronzes sagrados
De firmes torres e zimbório aprumado
Alardeantes de vida?
Dos sinos o bimbalhar sobe até ao céu.
A vida é um crescer: assim fizera eu
Com asas na subida.
El Rei D. João Quinto fique ora descansado:
O voto ao Altíssimo foi abençoado
Dando-lhe um herdeiro.
Os Mafrenses têm ali um quinhão na herança:
A Basílica, o Paço Real - fé e esperança
Que não se trocam por dinheiro
Poema de l Padre Zé por oucasion de l 3.º Centenairo de l ampeço de la construçon dde l palácio Real de Mafra

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