18.3.08

Al Sacristán - O Sacristão

Aspuis de ber eilhi an baixo uas falas, deixo-bos la mesma lhona nas dues lhénguas de Pertual.
Por bias de algues eideias e para cuntantar más personas:


Al sacristán

Al mardomo de San Juan ye quien se antrega de las chabes de l'eigreija, ye respunsable po'la lhimpeza e más que todo ye quien ajuda a missa. Falado d'outra maneira: Yê al Sacristán.
Quando you era um garotico, tenerie por ende uns siete ou uito anhos, mius pais furam puostos mardomos dal Santo e you Sacristán. Nun gustaba grande cousa de l'ouficio mas teniê que ser.
Al Padre Paulo benie de Samartino todos los deimingos po'la strada de macdam (estrenada haberie por ende um anho ou dous) cul sou bolksbague clor de laranja. A las bezes dexába-lo quedar parado al pie de casa de tiu Poulino (un diê falarei cume yê q'el me salbou dal chafariç de la puorta de los burros de tiu Modarra), outras bezes quedaba dal llado de la casa de Tiu Bara.
Açpuis de dar la campanada preguiceira, ala a antrar toda gente!! Homes adelantre e las ties atrás de la pila de l'auga benta. Uas de xailes negros, las solteiras de béus d'outros clores. Las más pimponas ampeçabam a bestir saias quaije pul jueilho, botas altas e meias de bidro: que guapas e prouistas se puniên las rapazas!!! Anté las sedas de las piernas salien po'las rendas de las meias de la moda.
Mas ancuanto la eigreija se cumpunie d'almas you iba ajudando al padre a bestir los paramentos na sacstia. Ua túnica branca de lhino, mui lharga e cumprida de más pal cuorpo dal cura. Antón, el faziê-le uns folhos na cintura e ataba-la cun's curdones brancos de bolretas nas puntas.
E ala: toca a oubir la ladainha de siempre. Mecánica cum al trator de tiu Xanola e cun l'eigreija toda: AAAMÉÉÉMMMM.
You iba mirando para baixo, quaije nun bie nada, só bie los da mie eidade na pormeira fila e açpuis al Regedor e los homes más respeitados dal pobo. De las tiês (alguas) solo oubie "Santa Maria ... ... Santa Maria ... Amém".
A las bezes arramaba más auga no cáliç do q'aqueilla que al cura querie: al bino bebie-lo todico e d'auga só botaba ua caçolica!!!
Antón, you, no momento d'el llabar los dedos ... "cachapum" ... yá estaba!!! Más um golo d'auga de da fuonte de Tie Rita. Cunfesso hoije essa pequeinha judiaria. Çculpe Senhor Padre Paulo. Cousas de garotos!!!!E isto todo porque fui mardomo de Sán Juán. se nun tubisse sido, se calha haberie ido menos bezes a missa e nunca escrebiriê: "Yá fui Sacristán!!!"


O Sacristão
O mordomo de São João é quem guarda a chave da igreja, é responsável pela sua limpeza e asseio e acima de tudo é quem ajuda o padre a dizer missa. Dito de outro modo: é o Sacristão.
Quando eu era um garoto, teria sete ou oito anos, os meus pais foram nomeados mordomos do Santo, logo eu seria Sacristão.
Não gostava lá muito do ofício mas tinha que ser.
O padre Paulo vinha de São Martinho todos os Domingos, pela estrada de macdam inaugurada um ano ou dois antes, no seu Volkswagen laranja que costumava estacionar perto da casa do tio Paulino (um dia destes contarei como é que ele me salvou a vida no chafariz da porta dos burros de tio Modarra), outras vezes ficava ao lado da casa do tio Vara.
Depois da última badalada, a “preguiceira”, toda a gente entrava. Homens à frente e as mulheres atrás da linha que a pia da água benta indicava. Umas de xailes negros, as solteiras com véus de outras cores. As mais aperaltadas começavam a usar saias quase pelos joelhos, botas altas e meias de vidro: que gaiteiras elas ficavam! Até os pelos pontiagudos das pernas saíam entre o rendado das meias da moda.
Mas enquanto a igreja se compunha de almas eu ajudava o padre a vestir os paramentos na sacristia: Uma túnica branca de linho, muito larga e comprida demais para o corpo do padre.Então, ele fazia uns folhos na cintura e segurava-a com um cordão branco de pompons nas pontas.
E pronto, a cuidar de ouvir a ladainha de sempre. Mecânica como o tractor do tio Augusto Xanola e com a igreja em coro: AAAAAMMÉÉÉÉÉNNNNNnnnn.
Eu ia espreitando para o fundo da igreja mas não via quase nada. Apenas via os da minha idade na primeira fila e depois o Regedor e os homens mais respeitados da aldeia.
Das mulheres (algumas) só ouvia “Santa Maria … Santa Maria … Amén.”
Por vezes entornava mais água no cálice do que a que o padre gostaria: o vinho bebia-o todo e de água apenas uma pequena concha!
Então, eu, no momento em que ele lavava os dedos … “cachapum”… já estava! Mais um gole de água da fonte da tia Rita acompanhada por um “fun fun” de riso na garotada da plateia.
Confesso hoje essa pequena partida. Desculpe Senhor padre Paulo. Coisas de crianças.
E isto tudo porque fui mordomo de São João. Se não tivesse sido, porventura teria ido menos vezes à missa e nunca escreveria:
- Já fui Sacristão!

2 comentários:

Anónimo disse...

É um prazer ter como amigo um sacristão!
Um forte abraço!
Gante

AF disse...

La cuonta queda algo mais ansonsa an pertués, anque tamien seia ua lhéngua guapa.
Abraço,
Amadeu