10.4.08

Os Campos da Minha Aldeia

Era tempo de tudo:
Do vento, do frio
Da chuva e da neve.
No céu uma nuvem seca.
O sol baixo.
O chão duro pejado de folhas caídas.
Sem aves nem sons do campo.
Era noite na floresta pincelada a gelo pelo vendaval.
Árvores despidas de ninhos,
Ramos sem flor fustigados pelo zumbido da nortada.
Como estava triste a minha floresta!
E demorava a florir.
Mas um dia
Desde o romper da aurora o sol brilhou.
Pintou tudo de verdes e amarelos,
Rosas e lilás,
Ervas a desabrochar, giestas com cheiro a mel.
Urzes, carquejas e estevas tingiam o campo de tons rosa, verde, amarelo.
Um cuco cantava,
A cotovia voava alegre em rodopio por cima da seara verde ondulada.
Como eram lindos os campos de trigo oscilando ao sabor da brisa!
Pareciam carneiros a correr, brincalhões, saltitando pelas barreiras do caminho!
Tudo isso voltara.
Ao longe um rebanho
Dlin dlan dlin dlan
Chocalhos e campainhas assinalando cada dentada de erva fresca.
Pontos brancos e negros na colina de flores e de relva matizada com tons de esperança.
Aqui e além uma papoila
e um malmequer indicavam a primavera.
Sem frio e sem vento,
Com sol e bom tempo
A vida sorria nos campos da minha aldeia.
Perdida, talvez, para lá das montanhas,
Mas bem viva nas colinas da vida que a vida foi dando.
Com invernos e verões,
Noites quentes,
Serões,
Amores, paixões.
Encontros presentes.
Desencontros vividos,
Carinhos sentidos entre dedos amigos.
Ternura e conforto no leito aos poucos criado
Lutando e crescendo a cada hora passada.
Sorrindo,
Contemplando a beleza que a cada minuto nos dão em troca de nada.

Bom dia

e boa sorte
.

1 comentário:

Aidocas disse...

Muito bonito, Parabéns Meirinhos por este magnifico Blog.
Um grande abraço de uma "Piquena" Cicuirana